PROGRAMAÇÃO DA VIII JORNADA DE POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E ESTUDOS SEMÂNTICOS DE ARGUMENTAÇÃO E ESCRAVIDÃO

Atualmente os pesquisadores da UEHPOSOL (alunos com iniciação científica, alunos de pós-graduação e professores) desenvolvem pesquisas vinculadas ao projeto de pesquisa intitulado “Argumentação, Textualidade e designação na Semântica do Acontecimento: Os sentidos nos diferentes modos de escravidão. ” (FAPESP-Processo número 2015/16397-2).

Dentre as atividades previstas pelo projeto de pesquisa acontecerá no dia 15 de junho de 2016, no auditório da Psicologia, a VIII Jornada de Políticas Linguísticas e Jornada de Semântica, Argumentação e Escravidão, com presença da Profª. Dra. Ana Josefina Ferrari (UFPR) e da Profª. Dra. Mónica Zoppi-Fontana (UNICAMP).

Para quem quiser participar do evento a programação seguinte é a que será seguida para o Evento deste dia 15 de junho.

Local: Sala da Psicologia -Auditório- Descendo as escadarias

Início: 9h

Manhã: Grupo de Trabalho- das  9h30 às10h30

“Argumentar no discurso, uma questão de memória no acontecimento” – Profa. Dra. Mônica Zoppi  Fontana – IEL-UNICAMP

Questões dos pesquisadores a partir dos textos:

Tá Certo, Só que não…. Argumentação ,Enunciação e Interdiscurso Mônica Zoppi Fontana (DL/IEL-UNICAMP; Sheila Elias de Oliveira (DL/IEL- UNICAMP)

Entre Lenguas y Discursos: “Si, Pero no mucho” Mônica Zoppi Fontana In: Tópicos do Seminário , Puebla, 2016

Retória e Argumentação- Mônica Zoppi Fontana IN: Orlandi e S. Lagazzi (org) Discurso e Textualidade.Campinas,Pontes, 2005

Intervalo: 10h30

Das 11h às 12h: A Escravidão no século XIX, uma perspectiva semântica dos anúncios de fuga – Profa. Dra. Ana Josefina Ferrari-UFPR – Litoral

Tarde: Das 14h às 14h45 -” Língua Oficial e Políticas Públicas de equidade de gênero”- Profa. Dra. Mônica Zoppi Fontana

(Ver www.revistalínguas.com/edição 36.html)

Das 15h às 15h50- ” Mulheres quilombolas no litoral do Paraná: entre uma memória e uma atualidade” Profa. Dra. Ana Josefina Ferrari

AULA PÚBLICA ÀS 16H- LOCAL- AUDITÓRIO DA PSICOLOGIA -CECH

BELA, RECATADA E DO LAR# SQN  PROFA. DRA. MÔNICA ZOPPI FONTANA- UNICAMP-IEL

ÀS 17h – AUDITÓRIO DA PSICOLOGIA

LANÇAMENTO DO VÍDEO “O NOME INDÍGENA E A QUESTÃO DA IDENTIDADE”

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VIII Jornada de Políticas Linguísticas e Jornada de Semântica, Argumentação e Escravidão

Atualmente os pesquisadores da UEHPOSOL (alunos com iniciação científica, alunos de pós-graduação e professores) desenvolvem pesquisas vinculadas ao projeto de pesquisa intitulado “Argumentação, Textualidade e designação na Semântica do Acontecimento: Os sentidos nos diferentes modos de escravidão. ” (FAPESP-Processo número 2015/16397-2).

Dentre as atividades previstas pelo projeto de pesquisa acontecerá no dia 15 de junho de 2016, no auditório da Educação Especial, a VIII Jornada de Políticas Linguísticas e Jornada de Semântica, Argumentação e Escravidão, com presença da Profª. Dra. Ana Josefina Ferrari (UFPR), da Profª. Sheila Elias de Oliveira (UNICAMP) e da Profª. Dra. Mónica Zoppi-Fontana (UNICAMP).

Na parte da manhã faremos um grupo de trabalho com os pesquisadores da UEHPOSOL e com os professores convidados aberto ao público, em que se discutirão os seguintes temas: Escravidão, argumentação, designação e enunciação. Na parte da tarde acontecerão as conferências com as professoras convidadas. Em breve daremos mais informações. Também acontecerá a exibição do vídeo “O nome Indígena: Uma questão de identidade.”

Ana Josefina Ferrari

Pós Doutora em Lingüística pela Universidade Estadual de Campinas com a pesquisa “Memória de mulheres quilombolas: análise das falas de mulheres quilombolas da comunidade de Batuva – Guaraqueçaba – Paraná”. (2013-2014), com bolsa CNPq processo número:503701/2012-2 . Participa do Grupo de pesquisa “Mulheres em Discurso” cadastrado no CNPq. Doutora em Lingüística na área de Análise do Discurso na Universidade Estadual de Campinas. Ficou por um período de quatro meses consultando a biblioteca da Michigan State University (MSU) -East Lansing- EUA e estabelecendo contatos com o grupo de pesquisas do Professor Peter Beattie. Realizou doutorado sandwich, durante dois meses, financiado pela CAPES, na Universidade Nacional de Buenos Aires (UBA) trabalhando com a Professora Maria Marta Garcia Negroni. Possui título de graduação em Letras Português pela Universidade Estadual de Campinas (1998) e mestrado em Lingüística pela Universidade Estadual de Campinas (2001). Tem experiência na área de Lingüística, atuando principalmente em análise do discurso e em língua espanhola. Na área de Análise do Discurso desenvolve sua pesquisa estabelecendo um diálogo com a semântica do acontecimento, com a historia e a antropologia trabalhando fundamentalmente na analise de corpus relacionados com comunidades quilombolas do Litoral Paranaense. Publicou o livro A Voz do Dono, editora Pontes 2006, Hacia el Español, editora Educarte 2006, Ensaios de Língua e Literatura Hispanoamericana Ediunioeste 2003 e vários artigos. (Fonte: Currículo Lattes. Disponível em: http://lattes.cnpq.br/6453006615547428 Acesso em: 24/05/2016).

Sheila Elias de Oliveira

Professora da área de Semântica e Pragmática no Departamento de Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) desde 2010. Sua atividade de pesquisa tem se desenvolvido nos domínios de Semântica da Enunciação, História das Ideias Linguísticas, Estudos lexicais e Análise do Discurso. Coordena o Grupo de Pesquisa LED – Léxico, Enunciação, Discurso, cadastrado no CNPq. É membro do Centro de Pesquisa PoEHMaS – Política, Enunciação, História, Materialidades, Sexualidade. Iniciou sua formação profissional com a Licenciatura em Letras – Inglês realizada na Universidade Federal de Santa Catarina (1992-1995). Concluiu Mestrado em 1998 e Doutorado em 2004, ambos no Curso de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Estadual de Campinas. Em 2001, realizou estudos em programa de doutorado-sanduíche na École Normale Supérieure/Lettres et Sciences Humaines de Lyon. Em 2008, realizou pesquisa de pós-doutorado na mesma instituição francesa. Entre 2002 e 2010, foi professora de Linguística do Departamento de Letras da Universidade Estadual do Centro-Oeste, no Paraná. (Fonte: Currículo Lattes. Disponível em: http://lattes.cnpq.br/3087485515291813 Acesso em: 24/05/2016).

Mónica Graciela Zoppi-Fontana

Concluiu Bacharelado em Letras – Universidad de Buenos Aires (1988) e Licenciatura en Enseñanza Media Especial e Superior en Letras – Universidad de Buenos Aires (1985); é Doutora em Lingüística pela Universidade Estadual de Campinas (1994). Atualmente é professora Livre-Docente do Departamento de Lingüística, do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas, atuando nos cursos de graduação e pós-graduação. Tem experiência docente e em pesquisa na área de Lingüística, com ênfase nas especialidades de Semântica da Enunciação, Análise do Discurso e História das Idéias Lingüísticas. É pesquisadora associada do Laboratório de Estudos Urbanos (LABERUB), NUDECRI/UNICAMP e participa do quadro docente do Mestrado Multidisciplinar em Jornalismo Científico e Cultural, IEL/LABJOR, UNICAMP. Participou em Programas Estaduais e Municipais de Formação Continuada de Professores em Língua Portuguesa e coordenou ambientes virtuais de educação à distância, nas modalidades de extensão e de ensino. Tem experiência na produção de material didático multimídia. De 2004-2010 coordenou um projeto de intercâmbio científico entre a UNICAMP-USP-UBA no programa Centros Associados Brasil-Argentina, financiado pelas CAPES-SPU. Atualmente é executora pel Unicamp do convênio MULTIELE ERASMUS: “Máster internacional para a formação de professores de espanhol como língua estrangeira” e de convênios de cooperação científica com a Université de Paris 13 e a Université de Reims, França. Sua pesquisa aborda as temáticas da enunciação e dos processos de subjetivação, em particular relacionadas às questões de gênero, de políticas linguísticas e da argumentação. Tem trabalhado nos campos do saber urbano e linguagem, do discurso político e jurídico e da divulgação científica. (Fonte: Currículo Lattes. Disponível em: http://lattes.cnpq.br/7362916685511754 Acesso em: 24/05/2016).

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Argumentação, Textualidade e designação na Semântica do Acontecimento: Os sentidos nos diferentes modos de escravidão. 2015-2018

Pesquisador Responsável: Profa. Dra. Soeli Maria Schreiber da Silva (DL/CECH/UFSCar)

Instituição Sede: Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Resumo: No presente projeto, da Unidade de Pesquisa em Estudos Históricos, Políticos e Sociais da Linguagem (UEHPOSOL), vimos propor  examinar os diferentes modos de escravidão. Vamos tratar desse tema focando  a multiplicidade de sentidos  a partir das designações de escravidão, de forma a percorrer os diferentes lugares e modalidades. E nesse sentido gostaríamos de esclarecer que não trataremos somente da escravidão como cristalizada pelo processo de colonização brasileira, ou seja, a escravidão dos negros que culminou com a abolição em 1888. Partimos das seguintes questões: será que a escravidão acabou após a abolição? Será que a escravidão só se dá nas relações entre negros e brancos? Que modos de escravidão observamos nos dias de hoje? Que efeitos de sentido as relações escravocratas deixaram numa sociedade como São Carlos, por exemplo, uma região rodeada de fazendas? Temos como propósito refletir sobre os laços (Halliday e Hasan,1975 apud Guimarães, 2011) que unem palavras, enunciados, de forma a produzir a unidade textual no acontecimento de enunciação e assim compreender a textualidade por um olhar semântico-enunciativo. Adotaremos os procedimentos de textualidade como propostos pela teoria da Semântica do Acontecimento (Guimarães, 2002, 2007, 2011) e vamos estudar a argumentação na cena enunciativa. Além disso, a semântica é pensada na relação com a sintaxe (Dias, 2009, 2012, 2015). Vamos examinar as enunciações na relação com a história, a maneira como os textos organizam os sentidos pela relação entre as palavras e a orientação argumentativa. Então a argumentação será pensada no agenciamento enunciativo. Desse modo, serão analisados os sentidos relacionados à escravidão observando-se a relação dos sujeitos com as tecnologias, com a moda, com a estética do corpo, com o preconceito, com o jurídico, com a bíblia  etc. O projeto é coordenado pela Profa. Dra. Soeli Maria Schreiber da Silva, em parceria com a Profa. Dra. Carolina de Paula Machado. Participam do projeto alunos da graduação e pós-graduação.

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A política de línguas presente nos jogos online

Gostaríamos de iniciar uma discussão sobre a linguagem usada por jogadores do gênero MMO (massive multiplayer online), para mostrar a grande influência do inglês sobre as demais línguas. Pensando mais a respeito  da relação entre línguas e seus embates, vamos pensar no funcionamento da língua em determinado jogo de MMO, notamos que nesse espaço virtual onde se dá o jogo, há predominância da língua inglesa ou seu uso é feito se em um servidor de um jogo têm mais falantes da língua inglesa.  Para compreender melhor o papel da política linguística nesse meio,  veremos o que Orlandi diz a respeito das diferentes configurações que as políticas linguísticas assumem:

    1. “Como razões de Estado, das Instituições: o que coloca o princípio da unidade como valor.
    2. Como razões que regem as relações entre povos, entre nações, entre Estados: o que coloca o princípio da dominação como valor.
    3. Como razões relativas aos que falam as línguas: o que coloca o princípio da diversidade como valor.” (Orlandi, 1998)

É interessante também definir os seguintes conceitos para melhor compreensão da língua e o uso que é feito dela nos jogos:

Língua Materna: é a língua cujos falantes a praticam pelo fato de a sociedade em que se nasce a praticar; seria a primeira língua para seus falantes.

Língua Alheia: é toda língua que não se dá como materna para os falantes de um espaço de enunciação.

Língua Franca: é aquela que é praticada por grupos de falantes de línguas maternas diferentes, e que são falantes desta língua para o intercurso comum.

Língua Nacional: é a língua de um povo, enquanto língua que caracteriza, que dá aos seus falantes uma relação de pertencimento ao seu povo.

Língua Oficial: é a língua de um Estado, aquela que é obrigatória nas ações formais do Estado, nos seus atos legais.

Língua Estrangeira: É a língua cujos falantes são o povo de uma Nação e Estado diferente daquele dos falantes considerados como referência.

O seguinte quadro apresenta algumas ocorrências de estrangeirismos e vocabulário específico utilizado pelos jogadores nos jogos ao longo das partidas:

Expressão Significado no jogo Tradução
Lag Tipo de lerdeza, atraso no jogo Atraso
Uppar ou Upar Progredir, avançar, ficar mais poderoso no jogo “To up” “para cima”
Loner Jogador que se isola dos companheiros de jogo Sozinho, solitário
Noob Quem não sabe jogar direito Novato
Top Player Quem sabe jogar bem Ótimo jogador
Singlar Matar um monstro sozinho, sem ajuda de outros jogadores Por conta própria, sozinho
Nice Legal Legal
Quest Missão, cumprir uma missão dada no jogo Missão
PK Player Killer – Aquele que mata todos os jogadores Matador de jogadores

Com isso, pudemos concluir que no espaço de enunciação virtual em que se dá o jogo, é tido como resultado do embate entre línguas, algo que não pertence a língua inglesa e nem a portuguesa.  Também é possível notar o uso de algumas palavras reservadas à esse meio virtual e seu funcionamento nos diálogos existentes nos jogos, no geral são palavras originárias de uma língua mas que são usadas em outro espaço de enunciação de outra língua ganhando outros significados e até mesmo variações na sua estrutura.

Autores:

André Sato

Gustavo Tapia

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O Portunhol na fronteira do Brasil com o Uruguai

As zonas de fronteira do Brasil têm a história das línguas divididas em duas condições fundamentais: as fronteiras geopolíticas e a história de contato dessas línguas.

As zonas geopolíticas são marcadas por conflitos, sendo que são marcados tanto por armas quanto por diplomacia. Ainda assim, a situação da língua portuguesa e espanhola (já que o Brasil tem fronteiras, em sua maioria, com países de língua espanhola) nessas zonas é desconhecida. Algumas histórias são, inclusive, anteriores à mistura com o Brasil, como por exemplo a zona de fronteira do Brasil e Uruguai, onde o processo de nascimento do portunhol se deu.

Essas fronteiras são espaços desterritorializados e por isso tem-se esse contato de diversas línguas, culturas, modos de vida, etc. O que ganha destaque são as línguas oficiais, o que não significa que seja equivalente à situação étnica, ou seja, não quer dizer que o português ou o espanhol sejam de fato a língua dominante entre a população.

Um exemplo disso é o próprio portunhol, que surge da união do português e da língua espanhol. Esse portunhol praticado, contudo, não é visto como uma língua, pois ela não é nativa, não é a do imigrante, nem a do Estado, resultando e sendo resultado apenas do intenso convívio, nunca tendo sido aceita como uma língua oficial.

Portunhol não é língua porque é difícil defini-lo; seus sentidos foram constituídos pelo senso comum – o que não é visto com bons olhos, tendo uma carga negativa. Ele pode ser caracterizados como um dialeto português do Uruguai. Essa seria uma outra “terceira língua.

Outro ponto de vista é a da “interlíngua”, que se relaciona com a aquisição do espanhol pelos brasileiros, como se o portunhol fosse uma fase intermediária entre o português (língua nativa dos brasileiros) e o espanhol/castelhano (língua nativa do Uruguai) principalmente.

Como cita Sturza, “a política das línguas está nesse espaço das práticas lingüísticas que não se resume à dualidade português-espanhol, mas que se enunciam nesse espaço configurado pela diversidade lingüística” (2005).

Desta forma, podemos concluir que a língua das fronteiras é outra, nem portuguesa, nem espanhol. Logo, o portunhol seria um dialeto de base portuguesa, hispanizado. Vemos então que não há uma homogeneidade lingüística nessa região de fronteira.

*Texto baseado no artigo “Línguas de fronteira: o desconhecido território das práticas lingüísticas nas fronteiras brasileiras”, de Eliana Rosa Sturza.

Autores:

Giovana Moretti

Letícia Conde

Manolo Funcia

Pamela Todesco

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ARGUMENTAÇAO, TEXTUALIDADE E ESPAÇO DE ENUNCIAÇÃO NO ESTUDO DE RELAÇÃO ENTRE LÍNGUAS: MODOS DE FUNCIONAMENTO DO POLÍTICO E DO ACONTECIMENTO – Projeto 2011-2014

Pesquisador Responsável: Profa. Dra. Soeli Maria Schreiber da Silva
(DL/CECH/UFSCar)

Instituição Sede: Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Resumo: Este projeto regular objetiva: a) refletir sobre três conceitos importantes para a área da Semântica do Acontecimento . argumentação, textualidade e espaço de enunciação ., e b) refletir como esses conceitos se articulam no estudo da relação entre
línguas e da enunciação. Nessa perspectiva teórica, a enunciação é pensada como um  acontecimento de linguagem que se dá em um espaço de enunciação. Assim concebida, ela interroga a língua enquanto exposta ao seu real, isto é, enquanto lugar de textualização do político. A partir dessas considerações, trabalhamos com uma hipótese de pesquisa de que o
político é, então, constitutivo tanto da argumentação, quanto da textualidade, quanto do espaço de enunciação, e é seu funcionamento no acontecimento enunciativo que cria as
condições para se pensar a articulação entre esses três conceitos. A metodologia pela qual optamos consiste em trabalhar, sobretudo, com os procedimentos de reescrituração e
articulação, tal como concebidos por GUIMARÃES (2007, 2009), num corpus sobre a Língua Polonesa no Paraná. O projeto vai desenvolver-se juntamente com outros projetos de relação entre línguas desenvolvidos na Unidade de Pesquisa em Estudos Históricos, Políticos e Sociais da Linguagem (UEHPOSOL). Constituir-se-á, então, sob a responsabilidade da pesquisadora Prof.ª Dr.ª Soeli Maria Schreiber da Silva, da UFSCar, com a colaboração de alunos do mestrado e doutorado em Linguística.

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Enunciação e Acontecimento: Um breve Percurso Teórico Sobre a Constituição dos Sentidos

Artigo disponível em: http://www.discursividade.cepad.net.br/EDICOES/09/09.htm

Rosimar Regina Rodrigues de Oliveira

Ana Cláudia Fernandes Ferreira

Carolina de Paula Machado

Elizete Azambuja

Organizadoras

Este número da Web-Revista Discursividade, que centra suas discussões nos estudos da linguagem, tem como objetivo homenagear o professor e pesquisador Eduardo Roberto Junqueira Guimarães, especialmente por sua dedicação à pesquisa, que culminou no desenvolvimento da Semântica Histórica da Enunciação ou Semântica do Acontecimento.

A maioria dos trabalhos aqui reunidos foi escrita por alguns de seus orientandos, ex-orientandos, autores de diferentes gerações, diferentes caminhos e diferentes histórias, ou por pessoas que querem homenagear o professor Eduardo Guimarães por seu brilhante trabalho. Esses professores realizam suas pesquisas em diferentes instituições de vários lugares do Brasil, sendo esta reunião de artigos uma pequena amostra dos sentimentos de gratidão e admiração ao professor Eduardo Guimarães, por sua dedicação à pesquisa e/ou seu trabalho como orientador.

Os trabalhos produzidos por Eduardo Guimarães, na Semântica da Enunciação, fornecem um aparato teórico e metodológico constituído por conceitos capazes de descrever e interpretar os sentidos não de maneira estática, mas na sua constituição, no seu movimento. Nessa perspectiva, resultaram em um estudo da linguagem não apenas em sua estrutura, mas em seu caráter histórico-social e político.

Dentre os conceitos que fazem parte deste quadro teórico, temos o de acontecimento  que, atrelado ao de enunciação, dá a dimensão histórica da constituição dos sentidos. Através do conceito de memorável, Eduardo Guimarães considera também o presente e o futuro de interpretação. A noção de cena enunciativa, conforme estabelecida por ele, possibilita observar o sujeito, nas formas de locutor e enunciador, na relação com outros sujeitos e com as línguas que falam e que os constituem, o que nos leva a observar a linguagem por um viés político. Do ponto de vista analítico, há muitos conceitos que compõem a teoria desenvolvida por Eduardo Guimarães, dentre os quais destacamos o de reescritura e o de articulação, além do conceito de domínio semântico de determinação (DSD). Os primeiros possibilitam que se tome o enunciado, não isoladamente ou como um processo somatório, mas enquanto lugar de observação da palavra em relação ao texto. O último permite vislumbrar a designação de uma palavra em um texto e compreender os seus sentidos e a forma como eles significam algo do real. Isso contribui, em certa medida, para a leitura de uma história a partir do que as palavras significam em um texto.  Esta é uma pequena parte das suas contribuições para o desenvolvimento dos nos estudos semântico-enunciativos e argumentativos que abriram/abrem caminho para uma semântica que observa os sentidos nas diferentes práticas de linguagem.

As obras publicadas por Eduardo Guimarães são referências importantes para aqueles que se encontram no terreno movediço dos sentidos. Em Texto e argumentação, de 1983, ele já refletia sobre o lugar dos locutores na orientação argumentativa dos textos. No livro Os limites do sentido (1995), o autor situa a Semântica Histórica da Enunciação dentre os estudos semânticos desenvolvidos, de maneira a estabelecer a ponte com a história entendida como memória, enquanto na obra Semântica do Acontecimento (2002), a relação da enunciação com o conceito de acontecimento é redefinida e são dados os conceitos que permitem a manipulação analítica dos sentidos. Além dessas obras, há diversos outros artigos e livros, alguns deles organizados com outros autores e que contribuíram para tecer o percurso de sua teoria, sendo o livro Análise de Texto: procedimentos, análises, ensino (2011) o mais recente.

Nesta homenagem, destacamos o professor Eduardo Guimarães através de sua produção como semanticista. Mas não podemos deixar de mencionar também outras atividades de sua vida profissional, pois elas estão profundamente ligadas à sua reflexão intelectual.

Formado em Letras na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Santo Tomás de Aquino, de Uberaba, fez sua pós-graduação na USP, onde começou suas pesquisas em semântica. Tanto sua dissertação de mestrado (1976), como sua tese de doutorado (1979) tinham como centro de interesse o estudo da enunciação. A sua carreira como docente universitário começou na Faculdade de Letras Santo Tomás de Aquino. Lá lecionou de 1970 até 1972. Também foi professor da PUC de Campinas de 1979 a 1983 e é professor e pesquisador do IEL/Unicamp desde 1981.

Além de todas essas atividades, Eduardo Guimarães foi presidente do GEL, da ANPOLL, Diretor Executivo da Editora da Unicamp, Diretor do IEL e assessor especial do Reitor da Unicamp. Atualmente é conselheiro da Abralin e Coordenador do Labeurb/Unicamp.

Professor, orientador, autor, pesquisador, cientista, literato, editor, diretor, conselheiro… São muitos os cargos, funções e lugares que Eduardo Guimarães vem ocupando em sua vida acadêmica e que mostram a produtividade e a versatilidade do seu percurso profissional.

Assim, sua atuação, nas mais diversas esferas institucionais, proporciona uma dimensão do modo como ele se coloca politicamente diante da produção de conhecimento, que não pode estar isolado das instituições que sustentam esse conhecimento, da sociedade e da história. Ao mesmo tempo, este modo de trabalhar está indissociavelmente ligado ao seu percurso teórico e analítico no domínio da Semântica da Enunciação.

Enfim, Eduardo Guimarães faz esse percurso de teoria e análise de forma admirável. Em suas obras, aulas, conferências, conversas, reflexões consegue sempre capturar algum detalhe, muitas vezes, imperceptível a outros olhares, dando-lhe outra dimensão. E aí está uma característica essencial de seus estudos sobre a significação, que nos mostra como uma palavra de um enunciado se divide em tantos sentidos, em tanta história.

Campo Grande-Ms, Janeiro de 2012.

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ARGUMENTAÇÃO E RELAÇÃO ENTRE LÍNGUAS: PROCEDIMENTOS DE REESCRITURAÇÃO NO SITE “CIENTISTAS ASSOCIADOS”

Eleonora Bambozzi Bottura

Iniciação Científica, agosto de 2011

Esta pesquisa possui como motivação inicial o trabalho realizado entre os anos de 2009 e 2010 com o projeto-pesquisa “Argumentação e relação entre línguas em websites no espaço enunciativo de São Carlos” também financiado pelo CNPq e sob orientação da Professora Doutora Soeli Maria Schreiber da Silva do Departamento de Letras da Universidade Federal de São Carlos, UFSCar. No trabalho em questão, mobilizando, sobretudo, os debates referentes à Política de Línguas na atualidade e espaço enunciativo da Internet desenvolvemos significativas contribuições sobre relação entre línguas e espaços de enunciação no escopo de uma Semântica Histórica da Enunciação, a luz da Semântica do Acontecimento (GUIMARÃES, 2002). Vislumbrou-se, então, a possibilidade de se aprofundar nos estudos a partir dos procedimentos de reescrituração com o intuito de desenvolve-los para contribuir com novas reflexões, e de investigar de que maneira o histórico é mobilizado nesse espaço enunciativo da Internet. Para tanto, desenvolvemos leituras acerca do ciberespaço a fim de elucidar como consideramos mundo/ língua/ falante em uma relação que não é natural, mas política.

Portanto, esta pesquisa se dedica ao estudo da Argumentação por via aberta Ducrot e Anscombre tal como proposto por Guimarães em “Texto e Argumentação” ,  levando em conta a textualidade. A partir disso, busca-se refletir e analisar como as línguas funcionam no site e, também, o modo como as mesmas estão sendo distribuídas desigualmente aos seus falantes. Faz-se necessário salientar que o estudo foi concebido através da consideração do site “Cientistas Associados”  como acontecimento enunciativo o que permite a análise semântica da relação língua/ falante nos pressupostos da Semântica do Acontecimento, em que o falante caracteriza-se determinado pela língua que fala, já que se compreende língua enquanto perpassada e constituída, o qual político que se distingue por estabelecer em/ na língua um conflito entre: divisão desigual do real e afirmação de pertencimento dos não incluídos na busca de uma afirmação de um todos homogêneo. Assim, entende-se o falante como Locutor (L/l-x) submetido numa teia de efeitos de sentido regulado a dizer de um modo específico e que devido às perspectivas históricas tomadas – Enunciadores – irão configurar o agenciamento enunciativo, o qual evidencia a maneira das línguas funcionarem no site. Isso se dá por meio da configuração do agenciamento político do espaço enunciativo do mesmo em que são analisados os modos dos lugares de dizer e movimento de apagamento do histórico na Internet, caracterizada, sobretudo, por ser um espaço regulado – político – de distribuição das línguas aos seus falantes. Nesse sentido, esta pesquisa propõe o estudo da textualidade no site através do desenvolvimento dos procedimentos de reescrituração e da concepção de texto para a Semântica do Acontecimento. Para tanto, as cenas enunciativas – os links do site – serão analisadas por meio dos procedimentos semânticos de reescrituração a fim de propor um modo de se analisar texto na internet e de evidenciar a maneira como uma enunciação só adquire sentido em relação a outras, ou seja, a significação não está para uma segmentalidade da frase, mas para uma movimentação própria do site que conduz para diferentes pontos em um clique que determinará o outro e assim por diante. Desse modo, objetiva-se uma análise utilizando os procedimentos semânticos supracitados aliados à relação entre línguas e ao espaço de enunciação que se insere, por meio da análise do funcionamento do movimento integrativo do site o qual determina e constitui um ao outro culminando num texto que transita e compõe-se em cliques que embora não sejam finitos, funcionam enunciativamente por um efeito de unicidade. Com isso, pretende-se propiciar uma reflexão que desenvolva os procedimentos semânticos de análise e que colabore não só aos estudos da Semântica do Acontecimento, mas também aos estudos da linguagem.

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“La dictadura en la escuela. Las versiones para niños de la historia reciente.” Tradução nossa: A ditadura na escola. As versões para as crianças da história recente

Realização:

UEHPOSOL – Unidade de Pesquisa em Estudos Históricos, Políticos e Sociais da Linguagem. Bacharelado em Linguística; Departamento de Letras

Programa de Pós-graduação em lingüística -PPGL

Apoio: Departamento de Letras

13/11/2014

Resumo da Conferência (abaixo, o resumo está traduzido para o portugués)

 

La dictadura en la escuela. Las versiones para niños de la historia reciente. 

A partir de la promulgación de la Ley Nacional de Educación, en el año 2006, los sucesos ocurridos durante la última dictadura cívico-militar argentina pasaron a formar parte de la currícula del nivel primario y secundario a nivel nacional. Más allá de la actitud de muchos docentes que, durante todos los años previos habían insistido en traer esos acontecimientos al aula, el hecho de convertirlos en contenido obligatorio nos plantea una serie de interrogantes: ¿Qué reconstrucción de un período tan traumático de la historia argentina explicar a los niños más pequeños? ¿Qué esperamos que recuerden -ahora y cuando sean adultos- respecto de este período de la historia? ¿Es posible que versiones diferentes de los hechos convivan de manera no conflictiva? ¿Qué papel le corresponde a la escuela en ese debate? Para responder al menos a una parte de estos interrogantes, presentamos el análisis de dos materiales diferentes, provenientes de dos campos diferentes del Dispositivo Pedagógico: el campo oficial y el campo pedagógico (Bernstein, 1996). El análisis comparativo se articula en dos ejes: en primer lugar, el eje del diseño y de la organización de la información en los textos desde el cual abordamos los aspectos gráficos monomodales y multimodales (Kress y van Leeuwen, 1996) de los materiales trabajados así como también el ordenamiento global de la información (Van Dijk, 1983); en segundo lugar, el eje de los lugares enunciativos desde el cual se analiza la construcción del/los locutor/es y enunciador/es y sus respectivos alocutarios/destinatarios (Ducrot, 1984) así como también los desdoblamientos en la destinación según la conceptualización de E. Verón (1987). En términos generales, podemos afirmar que las diferencias halladas no hacen más que reproducir –al menos en parte- las diferencias que aún se discuten en el ámbito de la política a nivel nacional. El debate no está cerrado y no se trata, aún, de un problema historiográfico.

Dra. Julia Zullo

A ditadura na escola. As versões para crianças da história recente.

 

A partir da promulgação da Lei Nacional da Educação, no ano de 2006, os eventos ocorridos durante a última ditadura civil-militar argentina passaram a formar parte do currículo de nível primário e secundário no âmbito nacional. Mas além da atitude de muitos docentes que, durante todos os anos prévios haviam insistido em trazer esses acontecimentos para a aula, o feito de convertê-los em conteúdo obrigatório nos coloca uma série de interrogações: Que reconstrução de um período tão traumático da história argentina explicar às crianças menores? Que esperamos que recordem- agora e quando forem adultos- a respeito deste período da história? É possível que versões diferentes dos feitos convivam de maneira não conflitiva? Que papel corresponde à escola nesse debate? Para responder ao menos a uma parte destas questões, apresentamos a análise de materiais diferentes do Dispositivo Pedagógico: o campo oficial e o campo pedagógico (Bernstei, 1996). A análise comparativa se articula em dois eixos: em primeiro lugar, o eixo do desenho e da organização da informação nos textos do qual abordamos os aspectos gráficos monomodais e multimodais (Kress y van Leeuwen, 1996) dos materiais trabalhados  assim como também o ordenamento global da informação (Van Dijk, 1983); em segundo lugar, o eixo dos lugares enunciativos do qual se analisa a construção de(os) locutor(es) e enunciador(es) e seus respectivos alocutários/destinatários (Ducrot, 1984) assim como também os desdobramentos na destinação segundo a conceitualização de E. Véron (1987). Em termos gerais, podemos falar que as diferenças encontradas não fazem mais do que reproduzir- ao menos em parte- as diferenças que ainda se discutem no âmbito da política nacional. O debate não está fechado e não se trata, ainda,  de um problema historiográfico.

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Um estudo designativo em fronteiras enunciativas: a corrupção pelo prisma da semântica histórica da enunciação

Um estudo designativo em fronteiras enunciativas: a corrupção pelo prisma da semântica histórica da enunciação
Por Julio Cesar Machado

Resumo:
Propomo-nos a realizar um estudo enunciativo-semântico sobre a corrupção no espaço enunciativo brasileiro. Filiamo-nos à Semântica Histórica da Enunciação como modo de entender os sentidos, e à Semântica do Acontecimento como forma de proceder à investigação dos dados. Ao esquadrinhar o funcionamento da corrupção por caminhos atípicos, nossos questionamentos revelarão a corrupção enquanto um objeto de fronteira enunciativa (de sentidos crime/não-crime) proveniente de uma sociedade composta de posições sociais mistas, não mais absolutas, como o sujeito inocente-culpado ou o responsável-irresponsável. Contudo, para operar uma região limítrofe de sentidos oscilantes oriundos de vozes de entremeio ditas por falantes mistos, seria necessário um alicerce teórico capaz de acessar espessuras linguísticas entre as dimensões evidentes do exato e aparentes do inexato. Propomos então, a partir da linguística russa, soerguer um dispositivo de análise inédito que chamamos teoria da agitação enunciativa. Por ele, poderemos manipular a corrupção enquanto construída por uma enunciação de evidência, ao mesmo tempo em que é destruída por uma enunciação de aparência. Investigamos documentos que tentam cristalizar sentidos da corrupção, o espaço enunciativo jurídico e o Relatório Final dos Trabalhos da CPMI “dos Correios” (caso mensalão). Nesses recortes configura-se um cenário de agitação enunciativa entre mensalão X empréstimo, principalmente. Veremos que ao enunciar, o Locutor-juiz dilui o político (litígio) por meio do jurídico, fechando os sentidos da corrupção. Também veremos que a Lei possibilita a corrupção. Verificaremos que funciona na atualidade: 1) a corrupção jurídica, dada por enunciações de evidência, e orientando para sentidos anticorrupção (crime), a partir de lugares absolutos (E-culpado); 2) e a corrupção não-jurídica, dada por enunciações de aparência, e orientando para sentidos pró-corrupção (entre crime e não-crime), a partir de lugares de entremeio (E-flutuante). Nosso trabalho instiga uma prática científica mais coerente com a atualidade moderna, sobrepujando os lugares absolutos de uma sociedade matematicamente regular, que ainda é um imaginário, mas não funciona assim, além de desenvolver mecanismos capazes de abordar espessuras atípicas da linguagem. Fazer semântica nos moldes em que propomos este trabalho é desmerecer o modo simplista de encontrar sentidos e ser incomodado por esse modo ao mesmo tempo. É averiguar desarranjos nas enunciações sobre a corrupção e provocar transformações de relações convencionais. É desestabilizar domesticações da corrupção na forma de pensar canônica da sociedade.

Palavras-chave: semântica, argumentação, enunciação, corrupção, mensalão.

A dissertação encontra-se no site da BCo:
http://www.bdtd.ufscar.br/htdocs/tedeSimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=4469

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