Convite para Mesa-Redonda: História das Ideias Linguísticas: Disciplinarização, Circulação e Produção dos sentidos

Data: 15/04/2019                                                                         Horário: às 16h
Local: Auditório do CECH – Área Sul (UFSCar)

Professores Convidados:
Profa. Amanda Scherer
(Universidade Federal de Santa Maria)

Profa. Bethânia Mariani
(Universidade Federal Fluminense)

Prof. Jorge Viana Santos
(Universidade Estadual do Sul da Bahia)

Moderadora:
Profa. Carolina de Paula Machado
(Universidade Federal de São Carlos)

Temas e Resumos 

História das Ideias Linguísticas: Disciplinarização, Circulação e Produção dos sentidos
Profa. Dra. Amanda Scherer (UFSM)

Nossa problemática de pesquisa, na atualidade, manifesta-se no entremeio teórico, e de objeto, a partir da relação entre a História das Ideias Linguísticas e Análise de Discurso, tal como vem sendo desenvolvida no contexto brasileiro. Para a nossa apresentação, vamos procurar destacar a importância de se refletir sobre como um conteúdo da ciência disciplinariza-se – em nosso caso, mais especificamente, aquele da ciência linguística.
Nosso enfoque estará alicerçado em duas questões: a primeira diz respeito a como algo do ponto de vista científico pode disciplinarizar-se a partir de uma certa circulação e divulgação e, a segunda, como tal processo pode instar-se como conteúdo de um certo saber acadêmico, pedagógico e ou escolar.

Circulação de conhecimento e estudos linguísticos
Profa. Dra. Bethania Mariani (UFF)

As instituições acadêmicas encontram-se cada vez mais inseridas no mundo digital e nos discursos que significam a inevitabilidade do crescimento da internet. Isso significa que tanto a produção quanto a circulação científica estão quase que completamente inseridas no que se convencionou chamar de sociedade digital. O que vem ocorrendo aponta para uma transformação sócio-histórica radical, afetando as relações (inter)subjetivas intelectuais e acadêmicas bem como as próprias práticas de produção, interpretação e transmissão do conhecimento produzido. Da posição de sujeito pesquisador em Análise do Discurso, e tendo como ponto de partida a experiência in
progress de construção de uma Enciclopédia audiovisual virtual, cuja finalidade maior é a de produzir e fazer circular vídeo-verbetes sobre Análise do Discurso e áreas afins, objetiva-se tanto apresentar a teorização que dá suporte à construção do dispositivo técnico-digital que dá suporte à Enciclopédia quanto problematizar essa prática que visa a circulação de conhecimento pela internet. O interesse está voltado para a análise da relação produto/processo, ou seja, problematizar a relação entre o sujeito pesquisador e o produto tecnológico produzido. Para tanto, a partir de uma perspectiva discursiva, e considerando que toda produção de conhecimento resulta de um processo histórico e ideológico, dois eixos principais são apresentados como objeto de discussão. O primeiro é relativo ao funcionamento e aos efeitos das tecnologias digitais e, mais especificamente, das tecnologias de linguagem em relação à divulgação dos discursos de produção do conhecimento em meio virtual. As tecnologias de linguagem são compreendidas a partir das reflexões de Auroux (1998) sobre as três grandes revoluções tecnolinguísticas que, com a constituição de instrumentos linguísticos, alteraram substancialmente as relações entre as línguas e entre os homens em sociedade. O segundo eixo de discussão problematiza a legendagem e a tradução das falas dos pesquisadores nos vídeo-verbetes produzidos para a Enciclopédia, considerando questões linguísticas e técnicas em um produto científico que articula diferentes materialidades significantes em meio digital. Perpassando esses dois eixos de discussão, faz parte dos objetivos refletir sobre o trabalho social do pesquisador que, nas instituições acadêmicas, envolve as políticas de circulação da produção de conhecimento em função das determinações do Estado e dos discursos por ele produzidos sobre os sentidos de ciência. No caso da Enciclopédia, cabe, portanto, teorizar sobre seu próprio processo de produção enquanto uma ferramenta que, ao colocar em circulação conhecimento produzido pelas ciências humanas, promove ensino
em meio digital, ou seja, com base em uma tecnologia que visa representar de determinada maneira conceitos, termos e pesquisas em ciências humanas.

Referências
AUROUX, 1998. Revolução tecnológica da gramatização. Campinas: Pontes, 1998.

Escravo X escravizado: sentidos na história do Brasil
Prof. Dr. Jorge Viana (UESB)

A escravidão no Brasil, enquanto regime organizador da sociedade, durou quase quatro séculos. Nesse tempo, ela se marcou, por exemplo, em documentos de naturezas diversas, a exemplo de cartas de alforria, testamentos de senhores, leis ditas abolicionistas e jornais. Tais textos, mais do que funcionar como memória e história da escravidão, por serem linguísticos são também políticos: marcam a divisão do dizer (cf. GUIMARÃES, 2002). Neles, há termos que figuram como espaço de conflito, como é o caso de escravo e escravizado, para se referir à pessoa que estava submetida ao regime escravista. Nesse sentido, este trabalho objetiva, sob a ótica da Semântica do Acontecimento (cf. GUIMARÃES, 2002, 2011), analisar sentidos de escravo e escravizado circulantes em periódicos datados do período escravagista brasileiro.

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