Programação IX Jornada de Políticas Linguísticas

Atualmente os pesquisadores da UEHPOSOL (alunos com iniciação científica, alunos de pós-graduação e professores) desenvolvem pesquisas vinculadas ao projeto de pesquisa intitulado “Argumentação, Textualidade e designação na Semântica do Acontecimento: Os sentidos nos diferentes modos de escravidão. ” (FAPESP-Processo número 2015/16397-2).

Dentre as atividades previstas pelo projeto de pesquisa acontecerá no dia 31 de maio de 2017, a IX Jornada de Políticas Linguísticas, com a presença da Profª. Drª. Sheila Elias Oliveira (UNICAMP), Profª.Drª Soeli Maria S. da Silva (UFSCar), Carolina de Paula Machado (UFSCar) e André Stefferson Stahlhauer (UFSCar).

O evento acontecerá no auditório da Educação Especial, ao lado do departamento de Letras. Para isto definimos a programação como segue abaixo:

Programação:
Às 10:00h: grupo de trabalho com indicação prévia de textos para a discussão.
Às  14:00h: Conferência com Profa. Dra. Sheila Elias Oliveira
“Gestos Políticos na nomeação da Arte Urbana”
‘As 16h: Mesa -Redonda
Profª. Drª Soeli Maria S. da Silva
 “Pertinência enunciativa e perspectivação na ‘jornada exaustiva'”

Profª. Drª. Carolina de Paula Machado

“O exército, a política e o trabalho: os diferentes modos de escravidão na Primeira República.”

Prof. Dr. André Stefferson Stahlhauer
“Os espaços de enunciação e a formação de um campo de estudos sobre o Brasil e sua língua no e para o estrangeiro na Alemanha: a Brasilianistik”
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Conferência: Argumentação e Argumentatividade: Relações de Alocução com Eduardo Guimarães

No dia 10 de Maio de 2017 (quarta-feira) a Unidade de Pesquisa, UEHPOSOL, junto com o Programa de Pós-Graduação em Linguística e o Bacharelado em Linguística, sediará às 14 horas a palestra “Argumentação e Argumentatividade: Relações de Alocução” com o Prof. Dr. Eduardo Guimarães. Na sala 22 do At-08 da Universidade Federal de São Carlos, UFSCar.

Resumo:  O objetivo deste texto é apresentar o funcionamento da argumentação, tão vastamente tratado, na história dos estudos da linguagem. Numa abordagem enunciativa, vamos refletir sobre como esta relação, que estamos chamando de argumentação, significa no acontecimento.

Esta reflexão se fará sustentada em sondagens (análises específicas) feitas em enunciados que serão considerados em recortes tomados a textos em língua portuguesa.

Segundo nossa posição, a argumentação é a sustentação que um eu faz a um tu relativamente a algo sobre que fala. O que estamos dizendo é que no acontecimento de enunciação, nas relações entre o lugar que enuncia e o lugar para o qual se enuncia, o lugar que enuncia sustenta algo do que se enuncia ao apresentar seu lugar de enunciação como o que estabelece a relação de um argumento e uma conclusão.

Não se trata, portanto, de pensar a argumentação como uma relação empírica de prova, pois a sustentação do que se diz é uma relação de linguagem, uma relação enunciativa.  Por outro lado a argumentação, produzida na relação de alocução, se constitui pelo agenciamento do falante na cena enunciativa. Nesta medida a alocução argumentativa não significa a busca do convencimento ou persuasão do alocutário.

Podemos caracterizar a argumentação, enquanto um modo de significar, como uma projeção do alocutor (al-x) sobre o enunciador. Ou seja, a objetividade da relação do lugar de dizer (enunciador) é atraída pelo dizer do alocutor, do lugar social de dizer, significando assim uma relação de argumentação.

Como parte deste funcionamento argumentativo, vamos caracterizar o que chamamos argumentatividade (algo que trazemos da semântica argumentativa e procuramos colocar nos termos da semântica da enunciação que desenvolvemos). A argumentatividade é, para mim, uma relação de alocuação que significa uma orientação para a construção textual e o sentido. Esta argumentatividade se apresenta como própria de articulações das formas linguísticas. Ou seja, as regularidades sistemáticas da língua são elementos do agenciamento dos falantes. Trata-se de um agenciamento do falante pela língua.

Definidas a argumentação e a argumentatividade, é preciso pensar suas relações. Caracterizamos a argumentação como significação, enquanto sustentação, produzida pela enunciação, do que se enuncia. A argumentação significa numa relação de alocução constituída pelo agenciamento do alocutor e pela instituição de seu alocutário. Ou seja, a argumentação se constitui por um agenciamento do falante na cena enunciativa, que estabelece uma relação eutu (uma alocução), em virtude de uma relação da enunciação com aquilo de que se fala. Em síntese, a argumentação é uma relação do alocutor com o alocutário, é uma relação própria do lugar social de dizer. Segundo nossa análise o alocutor projeta seu lugar sobre o enunciador.

A argumentatividade, também significação linguística, é produzida pelo agenciamento, pela língua, do falante em Locutor. Consideramos, então, que este agenciamento projeta o lugar de Locutor sobre o lugar de dizer, sobre o lugar de enunciador, diferentemente da argumentação que projeta o alocutor sobre o enunciador.

Na argumentatividade o L se projeta sobre E, e na argumentação o al-x se projeta sobre E. Por outro lado, pode-se considerar, e esperamos que as análises a serem apresentadas mostrarão isso, que o al-x faz alusão ao Locutor e se projeta sobre o enunciador. Nesta medida a argumentação é o processo geral da sustentação de posições pelo alocutor, e a argumentatividade é um processo específico, que se produz, pelo agenciamento linguístico do Locutor e segundo as relações da dinâmica da cena enunciativa.

Desde modo não há como considerar, nesta perspectiva, qualquer caracterização da argumentação como uma relação definida pela relação veritativa ou intencional. A argumentação não é uma relação entre o modo de relação das palavras com as coisas, nem a relação de um falante (psico-fisiologicamente caracterizado) com seu ouvinte. A argumentação é uma relação que se constitui na cena enunciativa, do lugar social de alocutor com o que se diz para um alocutário.

conferencia

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