Seminário temático semântico-enunciativo, acontecimento, textualidade e argumentação: a escravidão na Bahia, no Mato Grosso do Sul e em São Carlos

Atualmente os pesquisadores da UEHPOSOL (alunos com iniciação científica, alunos de pós-graduação e professores) desenvolvem pesquisas vinculadas ao projeto de pesquisa intitulado “Argumentação, Textualidade e designação na Semântica do Acontecimento: Os sentidos nos diferentes modos de escravidão. ” (FAPESP-Processo número 2015/16397-2).

Dentre as atividades previstas pelo projeto de pesquisa acontecerá no dia 23 e 24 de outubro de 2017, o “Seminário temático semântico-enunciativo, acontecimento, textualidade e argumentação: a escravidão na Bahia, no Mato Grosso do Sul e em São Carlos.” a ser realizado dentro do “XXIV Congresso de iniciação científica (CIC) e IX congresso de iniciação ao desenvolvimento tecnológico e inovação (CIDTI) da UFSCar-2017″.

O evento acontecerá no auditório da Educação Especial, ao lado do departamento de Letras e sua programação seguirá em breve no site.

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AS MIGRAÇÕES E AS LÍNGUAS, AS RELAÇÕES ENTRE O PORTUGUÊS E O FRANCÊS NA SUÍÇA: UM ESTUDO DO ESPAÇO DE ENUNCIAÇÃO

Profª. Drª. Soeli Maria Schreiber da Silva e Prof. Dr. André Stefferson M. Stahlhauer

Artigo disponível em: http://www.revistalinguas.com/edicao36/artigo10.pdf

Resumo: Devido aos inúmeros movimentos migratórios, a Suíça tem se tornado cada vez mais heterogênea em sua configuração populacional e linguística. Graças aos acordos de livre circulação entre os europeus, à crise político-econômica em Portugal e à crescente oferta de mão de obra, a Suíça tornou-se um bom lugar para os portugueses trabalharem. Eles representam a terceira maior comunidade (de língua) estrangeira neste país, atrás somente dos alemães e italianos. Nosso objetivo nessa discussão é observar os processos enunciativos envolvidos na produção dos sentidos sobre a língua portuguesa em relação às outras da e na Suíça e de seus falantes, enquanto categorias do simbólico. Predicados como “trabalhadores discretos”, os portugueses, as suas falas e as falas sobre eles podem ser notadas em materiais oficiais, produtos alimentícios, slogans e fachadas de lojas e armazéns ou em tantos outros ambientes. Ou seja, fala-se o português na Suíça e tal gesto significa em um espaço já tomado por outras línguas, por outras identidades e divisões sociais.

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A GEOGRAFIA, A IDENTIDADE DAS LÍNGUAS E AS DIVISÕES DE LANGUES E DIALECTES NO SITE DE RELAÇÕES ESTRANGEIRAS DA SUÍÇA: REFLEXÕES SOBRE O SENTIDO DA DESIGNAÇÃO NO TEXTO

Profª. Drª. Soeli Maria Schreiber da Silva e Prof. Dr. André Stefferson M. Stahlhauer

Artigo disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rua/article/view/8647950

Resumo: Propomos, neste artigo, uma leitura/ interpretação do funcionamento da designação de língua em uma versão do site do Département fédéral des affaires étrangères DFA da Suíça (Departamento Federal de Relações Estrangeiras), www.swissworld.org/fr, a fim de mostrar que sua enunciação e sua inscrição na internet se dão quando a língua é recortada pelas relações que particularizam os lugares de dizer na era da informação. Nesse sentido, pretendemos observar como a Suíça, como Estado, representa suas línguas e suas diferenças em um site pelas operações enunciativas que o locutor-WebEstado inscreve no funcionamento da designação de Langues et dialectes (línguas e dialetos), no texto do site.

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ARGUMENTAÇÃO, TEXTUALIDADE E POLÍTICA DE LÍNGUAS: A LÍNGUA POLONESA DO PARANÁ

Profª. Drª. Soeli Maria Schreiber da Silva

Artigo disponível em: http://www.entremeios.inf.br/published/217.pdf

 

Resumo: Este artigo trata de política de língua, especialmente na relação entre Língua Portuguesa e Língua Polonesa do Paraná. Inscreve-se na Semântica do Acontecimento. Articula três conceitos importantes numa semântica enunciativa: argumentação, textualidade e espaço de enunciação, aliados ao político e ao agenciamento enunciativo.

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Programação IX Jornada de Políticas Linguísticas

Atualmente os pesquisadores da UEHPOSOL (alunos com iniciação científica, alunos de pós-graduação e professores) desenvolvem pesquisas vinculadas ao projeto de pesquisa intitulado “Argumentação, Textualidade e designação na Semântica do Acontecimento: Os sentidos nos diferentes modos de escravidão. ” (FAPESP-Processo número 2015/16397-2).

Dentre as atividades previstas pelo projeto de pesquisa acontecerá no dia 31 de maio de 2017, a IX Jornada de Políticas Linguísticas, com a presença da Profª. Drª. Sheila Elias Oliveira (UNICAMP), Profª.Drª Soeli Maria S. da Silva (UFSCar), Carolina de Paula Machado (UFSCar) e André Stefferson Stahlhauer (UFSCar).

O evento acontecerá no auditório da Educação Especial, ao lado do departamento de Letras. Para isto definimos a programação como segue abaixo:

Programação:
Às 10:00h: grupo de trabalho com indicação prévia de textos para a discussão.
Às  14:00h: Conferência com Profa. Dra. Sheila Elias Oliveira
“Gestos Políticos na nomeação da Arte Urbana”
‘As 16h: Mesa -Redonda
Profª. Drª Soeli Maria S. da Silva
 “Pertinência enunciativa e perspectivação na ‘jornada exaustiva'”

Profª. Drª. Carolina de Paula Machado

“O exército, a política e o trabalho: os diferentes modos de escravidão na Primeira República.”

Prof. Dr. André Stefferson Stahlhauer
“Os espaços de enunciação e a formação de um campo de estudos sobre o Brasil e sua língua no e para o estrangeiro na Alemanha: a Brasilianistik”
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Conferência: Argumentação e Argumentatividade: Relações de Alocução com Eduardo Guimarães

No dia 10 de Maio de 2017 (quarta-feira) a Unidade de Pesquisa, UEHPOSOL, junto com o Programa de Pós-Graduação em Linguística e o Bacharelado em Linguística, sediará às 14 horas a palestra “Argumentação e Argumentatividade: Relações de Alocução” com o Prof. Dr. Eduardo Guimarães. Na sala 22 do At-08 da Universidade Federal de São Carlos, UFSCar.

Resumo:  O objetivo deste texto é apresentar o funcionamento da argumentação, tão vastamente tratado, na história dos estudos da linguagem. Numa abordagem enunciativa, vamos refletir sobre como esta relação, que estamos chamando de argumentação, significa no acontecimento.

Esta reflexão se fará sustentada em sondagens (análises específicas) feitas em enunciados que serão considerados em recortes tomados a textos em língua portuguesa.

Segundo nossa posição, a argumentação é a sustentação que um eu faz a um tu relativamente a algo sobre que fala. O que estamos dizendo é que no acontecimento de enunciação, nas relações entre o lugar que enuncia e o lugar para o qual se enuncia, o lugar que enuncia sustenta algo do que se enuncia ao apresentar seu lugar de enunciação como o que estabelece a relação de um argumento e uma conclusão.

Não se trata, portanto, de pensar a argumentação como uma relação empírica de prova, pois a sustentação do que se diz é uma relação de linguagem, uma relação enunciativa.  Por outro lado a argumentação, produzida na relação de alocução, se constitui pelo agenciamento do falante na cena enunciativa. Nesta medida a alocução argumentativa não significa a busca do convencimento ou persuasão do alocutário.

Podemos caracterizar a argumentação, enquanto um modo de significar, como uma projeção do alocutor (al-x) sobre o enunciador. Ou seja, a objetividade da relação do lugar de dizer (enunciador) é atraída pelo dizer do alocutor, do lugar social de dizer, significando assim uma relação de argumentação.

Como parte deste funcionamento argumentativo, vamos caracterizar o que chamamos argumentatividade (algo que trazemos da semântica argumentativa e procuramos colocar nos termos da semântica da enunciação que desenvolvemos). A argumentatividade é, para mim, uma relação de alocuação que significa uma orientação para a construção textual e o sentido. Esta argumentatividade se apresenta como própria de articulações das formas linguísticas. Ou seja, as regularidades sistemáticas da língua são elementos do agenciamento dos falantes. Trata-se de um agenciamento do falante pela língua.

Definidas a argumentação e a argumentatividade, é preciso pensar suas relações. Caracterizamos a argumentação como significação, enquanto sustentação, produzida pela enunciação, do que se enuncia. A argumentação significa numa relação de alocução constituída pelo agenciamento do alocutor e pela instituição de seu alocutário. Ou seja, a argumentação se constitui por um agenciamento do falante na cena enunciativa, que estabelece uma relação eutu (uma alocução), em virtude de uma relação da enunciação com aquilo de que se fala. Em síntese, a argumentação é uma relação do alocutor com o alocutário, é uma relação própria do lugar social de dizer. Segundo nossa análise o alocutor projeta seu lugar sobre o enunciador.

A argumentatividade, também significação linguística, é produzida pelo agenciamento, pela língua, do falante em Locutor. Consideramos, então, que este agenciamento projeta o lugar de Locutor sobre o lugar de dizer, sobre o lugar de enunciador, diferentemente da argumentação que projeta o alocutor sobre o enunciador.

Na argumentatividade o L se projeta sobre E, e na argumentação o al-x se projeta sobre E. Por outro lado, pode-se considerar, e esperamos que as análises a serem apresentadas mostrarão isso, que o al-x faz alusão ao Locutor e se projeta sobre o enunciador. Nesta medida a argumentação é o processo geral da sustentação de posições pelo alocutor, e a argumentatividade é um processo específico, que se produz, pelo agenciamento linguístico do Locutor e segundo as relações da dinâmica da cena enunciativa.

Desde modo não há como considerar, nesta perspectiva, qualquer caracterização da argumentação como uma relação definida pela relação veritativa ou intencional. A argumentação não é uma relação entre o modo de relação das palavras com as coisas, nem a relação de um falante (psico-fisiologicamente caracterizado) com seu ouvinte. A argumentação é uma relação que se constitui na cena enunciativa, do lugar social de alocutor com o que se diz para um alocutário.

conferencia

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Seminário: Estrutura e Totalidade com Patrick Sériot

No dia 17 de Março (sexta-feira) a Unidade de Pesquisas, UEHPOSOL, junto com o Programa de Pós-Graduação em Linguística, o curso de Bacharelado em Linguística e em parceria com o Laboratório de Estudos Urbanos da UNICAMP, sediará às 10 horas o seminário “Estrutura e Totalidade: As origens intelectuais do estruturalismo na Europa central e oriental” com o Prof. Dr. Patrick Sériot. O seminário será apresentado na sala de Projeção 1 do Departamento de Letras.

Seminário

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POLITICA LINGUÍSTICA E LÍNGUA INDÍGENA: O QUE SE DIVULGA?

Língua indígena no país

No Brasil não se fala somente o Português Brasileiro, além destas há outras línguas trazidas por imigrantes e também cerca de 150 línguas indígenas, o que pode parecer muito, mas há 500 anos havia talvez até oito vezes mais línguas indígenas que nos dias de hoje.

As línguas indígenas são plenas, independentes e completas, é um bem da cultura indígena, é a partir dela que eles se comunicam e trocam experiências entre os falantes de uma comunidade, conhecer mais sobre cada língua indígena no Brasil e mantê-la viva, mais que um objetivo tem sido um desafio para muitos linguistas e educadores indígenas.

Este trabalho foi desenvolvido na disciplina de Laboratório 8: Texto e Discurso, que visa entrevistar os indígenas a partir de perguntas que envolvam as línguas, os números de falantes dessas línguas, se o indígena fala ou não a sua língua, se na aldeia falam ou não sua língua e o número de falantes da língua. O que nos levou a fazer esta pesquisa foi o pouco material produzido sobre este assunto.

Para isso entrevistamos alguns alunos indígenas da UFSCar de diferentes etnias. Na UFSCar   mais de 100 indígenas estão matriculados e realizando cursos. Na sequência seguem os textos que produzimos a partir das entrevistas:

Povo Xavante

Em uma entrevista realizada com o estudante indígena Flávio de Carvalho Juruna, de nome indígena Aptsiré, do curso de Gestão e Análise Ambiental, da etnia Awatabi Xavante localizada na região sudeste de Mato Grosso, o aluno nos informou que além do Português Brasileiro ele e toda a população de sua aldeia, um número que gira em torno de 700 a 800 pessoas, falam a língua Xavante. A língua Xavante é falada também em outras terras indígenas também Xavantes, essa etnia é dividia em 8 terras indígenas, o que totaliza de 18 a 20 mil Xavantes no Brasil.

Disse também que nem o tucano, nheengatu ou baniwa são falados por eles, por serem línguas de povos oriundos da Amazônia, Manaus e da região de São Gabriel da Cachoeira, sendo assim falam somente a língua Xavante e o Português Brasileiro e dado a necessidade de se preservar a língua, ele afirmou que uma cartilha foi desenvolvida pelos padres no começo do contato com os Xavantes, por volta de 1960 e 1970, pois viram a necessidade e a importância de manter a língua viva.

A língua materna na aldeia é a língua Xavante, eles só aprendem o português quando já têm total concepção da língua materna. Ele informou que apesar das dificuldades e até mesmo resistência por parte da maioria, e por mais que relativo seja, as crianças começam aprender o Português somente com 7 a 11 anos de idade, como forma de fazer com que a língua indígena continue presente por mais gerações.

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Legenda: estudante indígena Aptsiré da etnia Xavante

Povo Pankararu

Já é de conhecimento que a língua indígena Pankararu entrou em esquecimento, e a entrevista com o aluno dessa etnia na UFSCar só confirmou isto.

Bruno é estudante do curso de Tradução e Interpretação em Línguas de Sinais e está no primeiro ano. É da etnia Pankararu localizada no estado de Pernambuco. Neste caso o aluno nos informou que já não fala mais a língua indígena, fala somente o Português. Desde a vinda dos padres, o português predominou e a língua indígena deixou de ser falada na aldeia.

Apesar de não haver nenhum falante fluente da língua ele afirmou que algumas palavras se mantêm vivas, ele trouxe exemplos como campiô, que seria cachimbo, aió que é uma bolsa tradicional, praiá e maracá. Isso também é passado para os mais novos, como forma de um dia voltar a ter falantes dessa língua que se perdeu com o tempo, por mais lento que seja o processo de recuperação da língua o aluno diz que há projetos e que talvez um dia voltará a ter pessoas fluentes na língua Pankararu.

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Legenda: estudante Bruno da etnia Pankararu

Povo Pankará

Os Pankará são falantes do Português. Contudo, no seu universo linguístico apresentam uma série de discursos, palavras e metáforas, que constituem o universo semântico do português falado na Serra do Arapuá. No geral não difere do discurso étnico encontrado entre os demais povos indígenas no Nordeste.

A entrevista foi realizada com a estudante indígena Izabel do curso de Engenharia Civil, ingressante no ano de 2016, da etnia Pankará localizada na região de Pernambuco, especificamente na Serra do Arapuá, a aluna nos informou que não possui um nome indígena e apesar de morar na aldeia também não falam uma língua indígena, nem ela e nenhum dos moradores de sua aldeia.

Ela afirma ainda que desconhece a língua indígena falada antes do Português, que a língua foi se perdendo com o passar do tempo e hoje, as pessoas que vivem na aldeia, desde os mais velhos até os mais jovens, não conhecem nada sobre a língua indígena de seu povo.

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Legenda: estudante Izabel da etnia Pankará

Povo Xacriabá

Um estudo realizado por Saint-Hilaire coletou amostras da língua Xacriabá no princípio do século XIX, o que na época já mostrava um processo de desuso e esquecimento da língua.

Em um documento disponibilizado pela FUNAI, eles afirmam que a educação tem produzido bons resultados. Em uma pesquisa feita com o povo Xacriabá, em relação a educação 80% dos participantes afirmaram que há professores indígenas atuando nas escolas da comunidade, porém, é de conhecimento de todos que as escolas indígenas deverão trabalhar pelo incentivo a cultura indígena, pois mais de 70% opinaram que há dificuldades em manter a cultura de seu povo, tanto em relação a religião quanto a língua nativa.

Na entrevista realizada com o aluno do curso de Biblioteconomia e Ciência da Informação Jhonny ingressante no ano de 2016, o estudante afirma que apesar de não ser fluente na língua ainda há pessoas que falam a língua Xacriabá.

Sua aldeia se localiza no norte de Minas Gerais, divisa com Bahia, em São João das Missões e tem aproximadamente 12 mil pessoas. Afirmou também que em algumas aldeias a língua é passada para os mais jovens.

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Legenda: estudante Jhonny da etnia Xacriabá

Povo Manoki

A etnia Manoki se divide em Irantxe e Myky, localizam-se em duas Terras Indígenas no oeste do Estado do Mato Grosso. A Terra Indígena Irantxe se localiza na região do rio Cravari e possui seis aldeias: Paredão, Recanto do Alípio, Perdiz, Asa Branca, Treze de Maio ou Aldeia do Maurício e a Myky, às margens do rio Papagaio.

O estudante indígena Danrley Eduardo é do primeiro ano do curso de matemática. É da etnia Irantxe e mora na aldeia Recanto do Alípio. O aluno nos informou que ainda possuem uma língua indígena, porém a língua Manoki não é falada por todos os moradores da aldeia. Ele disse: dentre a população somente os mais velhos falam a língua indígena e está sendo ensinado nas escolas, para as crianças.

Segundo o aluno, a população de sua aldeia gira em torno de 370 pessoas mas somente 15 falam a língua indígena Manoky. Disse também que a sua língua é falada por outro povo, o povo Myky.

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Legenda: estudante Danrley Eduardo da etnia Manoki

Povo Piratapuia

Além desta, outras etnias habitam às margens do Rio Uaupés, atualmente vivem cerca de 17 etnias, inclusive etnias da Colômbia, na mesma bacia fluvial e na bacia do Rio Apapóris, Amazonas. Esses grupos indígenas falam a língua da família Tukano.

O estudante da etnia Piratapuia, Josimar, cujo nome indígena é Dia-mim, do curso de Gerontologia do primeiro ano, nos afirmou que a língua falada pela população de sua aldeia é a língua Tukano. Disse também que essa língua é falada somente no Amazonas, especificamente no Rio Negro. Sobre um material produzido nessa língua “[…] não tem nenhum material específico produzido, não que eu saiba” disse ele.

Día-mim não sabe aproximadamente o número de pessoas que habitam sua aldeia nos dias de hoje, afinal já não faz mais parte dessa população, uma vez que saiu de lá quando ainda era criança, mas nos afirmou que todos falam a língua na aldeia, que isso é passado para as gerações mais jovens. Día-mim fala poucas palavras da língua Tukano.

Em uma pesquisa realizada, há um número significativo de pessoas da bacia do Uaupés que residem no Rio Negro e nas cidades de São Gabriel e Santa Isabel, o estimado é que aproximadamente 20 mil pessoas falem o Tukano.

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Legenda: estudante Día-mim da etnia Piratapuia

Povo Atikum

A etnia Atikum se localiza no estado do Pernambuco especificamente na Serra do Umã. A entrevista foi realizada com dois estudantes indígenas da etnia Atikum: Taís Maria de Oliveira do segundo ano do curso de Terapia Ocupacional e Istefano Santxiê dos Santos do primeiro ano do curso de Educação Especial.

A aluna Taís não possui nome indígena e já não mora mais na aldeia, mas como seus avós ainda moram na aldeia, sendo o seu avô Augusto, o pajé, ela ainda mantém contato com seu povo. Ela explicou também que sua mãe é indígena e seu pai não. O aluno Istefano tem como nome indígena Santxiê, nos disse que recebeu o nome em homenagem ao antigo pajé da etnia Funiô de Águas Belas. Informou que apesar de não morar na aldeia também participa bastante e sempre que pode visita o pai que mora, é liderança e trabalha como agente de saúde na aldeia. Nos informou também que tanto sua mãe quanto seu pai são indígenas.

Apesar de levarem vidas diferentes, Taís e Istefano afirmaram a mesma coisa: ambos falam o português brasileiro e todos da aldeia falam também. Istefano nos informou que a língua nativa deixou de ser praticada há muito tempo, e que apesar de não saber, afirma que algumas palavras indígenas são utilizadas e que na biblioteca da aldeia há livros que falam sobre a questão da língua indígena Atikum.

A aluna Taís nos informou também que seu tio Gecino é professor de artes na escola indígena da aldeia e como forma de manter a cultura viva, ele ensina práticas da cultura, assim também como o Toré (um ritual indígena praticado pela etnia Atikum).

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Legenda: estudante do curso de Bacharelado em Linguística Daniele Costa com os estudantes indígenas Taís e Istefano da etnia Atikum.

Povo Balatiponé

O indígena Luciano Ariabo Quezo, que estuda no sexto ano de letras da Universidade Federal de São Carlos, em uma entrevista revelou que seu povo é chamado Balatiponé, que significa “povo antigo”. Além disso, contou que há um ritual de batismo em sua aldeia e seu nome, Ariabo Quezo, vem do seu avô materno e do avô paterno. Disse também que os Balatiponés estão na região de Cuiabá, próximo ao município de Barra do Pontes.

Luciano ainda pertence ao grupo dos Parici, que significa “gente de verdade”, onde os nomes dos integrantes são recebidos através de sonhos dos mais velhos. Esse nome será de uma cidade, reservada, a qual a pessoa irá depois de morrer, ou seja, quando for para o outro plano como é dito por eles.

O indígena fala português, Balatiponé e Parici, sendo que a língua Balatiponé é falada somente pelo seu povo. A língua Balatiponé é ensinada nas escolas e o português é praticado apenas no social. Afirmou ainda que há materiais produzidos na sua língua e inclusive ele foi autor de um destes livros: “[…] eu fui um dos autores de um material didático que serve como um auxílio para professores que trabalham a língua materna na escola […]” – disse ele.

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Legenda: estudante indígena Luciano da etnia Balatiponé

Conclusões

Nestas entrevistas pudemos perceber o quanto se perdeu e o quanto continua se perdendo da cultura indígena no país. Apesar de algumas etnias possuírem uma língua indígena como no caso da etnia Xavante, Piratapuia e outras, por outro lado vemos também que algumas não tem mais uma língua indígena e pouco ou quase nada se lembram sobre ela. Há também os povos que estão em processo de recuperação da língua (Povo Pankará), que através de estudos buscam trazer e um dia ter fluentes na língua indígena falada por eles antes.

Sendo assim, fica claro que além resgatar essas raízes, muitas línguas estão tentando se recuperar. Isso acontece por meio de dicionários, livros e até pela prática da língua nas aldeias.

A língua é um instrumento de comunicação de um povo, substituir essa língua por outras, é o mesmo que impor uma cultura sobre a outra, o que vem acontecendo desde a chegada dos portugueses no Brasil. Com a colonização do Brasil, aparece também um processo denominado “colonização linguística”, um processo de imposição de ideias linguísticas.

As línguas indígenas que desapareceram foram aquelas que eram praticadas em áreas em que o processo colonizador foi mais intenso, como por exemplo a região Sudeste, maior parte da região Nordeste e Sul do país, especificamente em regiões litorâneas.

Sendo assim, estudos, seja de linguistas, sociólogos ou até mesmo educadores indígenas são fundamentais para registrar e resgatar um pouco mais da língua indígena que representa muito nosso país.

Bibliografia:

http://www.funai.gov.br/arquivos/conteudo/cogedi/pdf/revista_estudos_pesquisas_v3_n1_2/02Xakriaba_%20cultura_historia_demandas_e_planos_Rita_Heloisa_de_Almeida.pdf acesso em 23/01/2017

https://pib.socioambiental.org/pt/povo/xavante/1159 acesso em 23/01/2017

http://saturno.museu-goeldi.br/lingmpeg/portal/?page_id=205 acesso em 23/01/2017

https://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/linguas/introducao acesso em 23/01/2017

https://pib.socioambiental.org/pt/povo/pankara/1352 acesso em 23/01/2017

https://pib.socioambiental.org/pt/povo/iranxe-manoki/1320 acesso em 23/01/2017

https://pib.socioambiental.org/pt/povo/tukano/1498 acesso em 23/01/2017

https://pib.socioambiental.org/pt/povo/pira-tapuya acesso em 23/01/2017

http://www.labeurb.unicamp.br/elb/indigenas/l_indigenas.html acesso em 23/01/2017

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Minicurso com o Prof.Dr. Luiz Francisco Dias (UFMG) e Mesa Redonda (SPLIN)

Nos dias 07 e 08 de Novembro a Unidade de Pesquisas, UEHPOSOL, junto a FAPESP , com o projeto de número 2015/16397-2, sediará o Minicurso com o Prof.Dr. Luiz Francisco Dias da UFMG. O local será na sala de projeção 1 do Departamento de Letras da UFSCar – Universidade Federal de São Carlos e os horários são:

A partir das 9h; e tarde a partir das 14h30 (no dia 07) e Dia 08 de Novembro, a partir das 9h

O tema do Minicurso é:

Título: Metodologia de análise semântica

Resumo: Nos estudos sobre a significação, raramente encontramos abordagens sobre a metodologia da pesquisa específica em semântica. No presente minicurso, vamos levantar alguns estudos que contribuíram para a compreensão do método de pesquisa nessa área. A seguir, vamos demonstrar os traços de um tratamento metodológico nos estudos semânticos, concebido como abordagem de redes enunciativas. Por fim, trataremos dos efeitos dessa abordagem no desenvolvimento de um modelo teórico de estudo da significação.

Para participação preencha o formulário abaixo: Será também feita uma Mesa redonda com o professor no dia 09 de Novembro, no evento do SPLIN, que acontecerá na UFSCar.

PARTICIPAÇÃO NA MESA-REDONDA (No SPLIN)

Data: 09 de novembro

Título: Conhecendo a língua, observando a sociedade

Resumo: A minha participação na mesa-redonda “Contribuições dos estudos linguísticos no cenário brasileiro” será desenvolvida através da análise linguística de algumas manifestações de resistência e de contestação social. Especificamente, vou observar a constituição do sentido pela materialidade sintática, a partir de enunciados elaborados em embates sociais no Brasil contemporâneo.

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