A NOÇÃO DE “POVO” EM DIFERENTES DISCURSOS

O Grupo de Estudos Históricos, Políticos e Sociais da Linguagem: noção de “povo” em diferentes filiações e diferentes áreas da lingüística e arte, tendo como convergência a noção de discurso, da Unidade de Pesquisa em Estudos Históricos, Políticos e Sociais da Linguagem do Departamento de Letras da Universidade Federal de São Carlos, desenvolveu estudos em torno da noção de “povo” com a colaboração da pesquisadora-visitante Profa. Dra. Eni Orlandi (UNICAMP),com o apoio da FAPESP 2002/2003. Esse estudo é o projeto fundador da Unidade de Pesquisa.


Orlandi (2002/2003) tendo como centro das atenções a “cidade”, a partir desse tema estudou a questão do popular do lugar comum, do espaço público. A pesquisadora interessa-se pela relação da língua com o político, o social e o histórico, referidos ao espaço urbano. A quantidade adquire um caráter específico na relação com o espaço urbano; os dicionários tratam de quantidade como “conjunto”. No interior da ideologia capitalista a noção de povo é esvaziada de seus sentidos, é evitada ou aparece de forma pejorativa. Uma questão que se põe é “que forma de esquecimento é este que surpreende, supera e vai além, desfazendo o que separa o erudito do popular na sua eficácia imaginária que se impõe a todos igualmente para melhor excluir a (grande) quantidade diferencialmente?” … Finalizando, afirma que “o povo não é uma noção projetiva que acolhe as diferentes imagens que lhe são atribuídas mas que em seu real não se identifica com nenhuma.” (Orlandi, 2003). No Documentário a autora vai tratar dos modos de resistência tomando o grafite como espaço de reflexão.Gladis M. de Barcellos Almeida, pesquisadora do Grupo 2002/2003 estudou ocorrências da palavra povo com o intuito de identificar sentidos: comunidade, povinho, povaréu, ralé, povoação, populismo. João Carlos Massarolo,pesquisador do grupo, do Departamento de Artes analisou a temática do povo nos filmes “Abril Despedaçado”, “Domésticas” e “O Invasor”. Na retomada do cinema brasileiro iniciado nos anos 90, as “imagens do povo” voltam a povoar o imaginário dos cineastas, teóricos e do público em geral, provocando debates sobre ética e estética. Massarolo critica “Cidade de Deus” por apoiar-se na estrutura narrativa convencional do cinema de ação norte-americano para tratar a realidade brasileira caindo na vala comum dos filmes para explorar a miséria do “povo”. Mônica B. Diniz Signori, também pesquisadora do grupo, realizou somente a primeira etapa da pesquisa trabalhando com a Incubadora Regional de Cooperativas Populares de Trabalho da UFSCar; nesse momento trabalhou com os catadores de Jaboticabal e com o bairro Antenor Garcia. Sobre seu trabalho afirma: “acredita-se, pois, que através das próprias instituições sociais seja possível desenvolver um trabalho que interfira nas condições históricas que mantém o sujeito calado, excluído, levando-o a questionar o real da história e sua individualização. (Signori, 2003). Soeli M. S. da Silva, pesquisadora do grupo e coordenadora do projeto, analisou a matéria jornalística “POVO-FALA” na EPTV de São Carlos sobre o estrangeirismo.Em sua análise mostra como o locutor-jornalista administra a matéria e as perguntas. Quando mostra as placas e nas entrevistas orienta o modo de dizer, mobilizando a posição de normatividade em relação ao locutor-povo. Afinal, o que designa o “povo” na matéria fala-povo? A relação do locutor-jornalista com povo dá-se no sentido de movimentar o esforço do falante em relação às palavras estrangeiras, em relação à tecnologia da TV, em relação ao desconhecimento do assunto, em relação ao desejo de aparecer na TV. A noção de “povo” vai ser desistoricizada e o locutor-jornalista expõe a posição saber/não saber a língua. Entretanto, há entrevistados que distanciam-se da posição de normatividade do jornalista, na posição que considera o inglês com a perspectiva de êxodo na relação com o emprego.Valdemir Miotello analisa o povo nas charges políticas da campanha eleitoral de 2002.Vanice M. O. Sargentini analisou a noção de povo nos programas de governo dos candidatos. José Serra, Lula, Ciro Gomes, Garotinho e José Maria, da campanha eleitoral de 2002.

Além de conclusões das reflexões tratando de noção de povo, o documentário “povofalapovo” inclui dizeres de entrevistados da cidade de São Carlos sobre personagens da cidade como “Profeta Ricó”, entrevista com Sr. Nicola e diferentes entrevistados dizendo o que é o “povo”.João Carlos Massarolo dirigiu o documentário; Pedro Dolocic Cordobelo realizou as filmagens, Maurício Baffi Pellegrinetti fez a edição, Luciana Nogueira e Carolina P. Machado colaboraram na Produção e Filmagem


O Grupo de Pesquisa da Unidade de Pesquisa do Departamento de Letras da Universidade Federal de São Carlos recebeu apoio da Fundação de Amparo e Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo. O lançamento aconteceu às 18h30, do dia 23/06/2004 no Auditório 2 da Biblioteca Comunitária.

Soeli M. Schreiber da Silva

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